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Uma fortuna. Um império. Uma tempestade perfeita. A perda de milhões. Entre sentimento, emoções, o Brexit ou até o custo da alimentação…todos poderão ser válidos mas talvez falte aquele que, para nós, foi o principal responsável: ausência de um Planeamento e Controlo de Gestão profissional e adequado às necessidades e objetivos do grupo.

Uma verdadeira estrela que colocou meio mundo a cozinhar. É assim que Jamie Oliver, famoso chef britânico, é descrito pela imprensa mundial. De raízes humildes, com “pouco jeito” para os estudos, passou de pobre a milionário em cerca de seis semanas com o programa televisivo “The Naked Chef”.

Desde o lema da cozinha com simplicidade à guerra declarada contra o açúcar e contra o governo britânico em defesa de uma alimentação mais saudável nas cantinas escolares, passando pelos diversos livros e programas de televisão. Não foram precisos muitos anos para que Jamie conquistasse fãs um pouco por todo o mundo.

Graças ao seu mediatismo, o chef britânico rapidamente se tornou dono de um verdadeiro Império. Da cadeia Jamie Oliver Restaurant Group, o grupo de restaurantes Jamie’s Italian tornou-se o mais famoso, chegando a ter 42 unidades abertas apenas no Reino Unido. Seguiram-se países como o Canadá, Chipre, Islândia, Rússia, Irlanda, Singapura, Turquia, Hong Kong e até Portugal se juntou à lista. Uma verdadeira máquina de fazer dinheiro (diriam muitos!).

Onze anos após a abertura do primeiro restaurante e com uma fortuna avaliada em cerca de 170 milhões de euros, Jamie Oliver vê o seu grupo de restaurantes, no Reino Unido, a entrar num processo de insolvência e a colocar em risco mais de 1300 postos de trabalho. Apesar de a novidade ter apanhado muitos de surpresa, a verdade é que o processo começou há dois anos, com a notícia de que o grupo estaria em risco de falência.

Situações de risco, exigem medidas, e por isso, entre empréstimos e novas injeções de capital de empresas do grupo e bancos, terão sido investidos cerca de 42 milhões de euros (grande parte das próprias poupanças do chef) para colmatar dívidas que ascendiam os 80 milhões.

Seguiram-se processos de reestruturação, despedimento de colaboradores, encerramento de restaurantes e uma culpa assumida “de que algo teria corrido muito mal”.

Dois anos depois, o grupo abre insolvência com a consultora KPMG a ser nomeada para gerir o processo de proteção dos credores (figura prevista no código de insolvências britânico). Para já, sabe-se que os restaurantes fora do Reino Unido não serão afetados por este processo (incluindo o Jamie´s Italian, em Lisboa), por serem operados em regime de franchising.

Claramente que, apesar dos fatores externos, estamos perante um caso de ausência de Planeamento e Controlo de Gestão eficaz e adequado às necessidades e objetivos do grupo. Este é talvez o maior problema na grande maioria das empresas. Podemos também colocar em cima da mesa a hipótese de existir este planeamento e controlo, mas que falhou por completo, em alguma parte do processo.

Como podemos gerir uma empresa, quando não avaliamos com rigor o seu desempenho nem o impacto das decisões que tomamos?

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